Ana Vasconcellos |
Mulher que rompeu as amarras, mas continua presa.
Viva entre dois mundos desconexos, ela busca o caminho pelas entranhas.
Tem o útero parido, rompido pelos infinitos fragmentos de si mesma. Falta-lhe um pedaço vermelho de vísceras, que perdeu durante o percurso. No lugar semeou flores, para que suplantem a ausência-mulher.
Aguarda o desabrochar da primavera para ser fecundada pela terra. Para parir sua própria feminilidade. Para resgatar o útero que se abriu. Por isso escreve. Por isso pulsa.
Por isso coloca a cabeça no chão e chama pelos ancestrais feitos de vento.